O que Dirige sua Vida ?

                                                                                          O que Dirige sua Vida???

Toda e qualquer pessoa tem sua vida dirigida por algo, até mesmo aquele que dizem: “deixe a vida me levar”. Dirigidos pelas circunstancias, pela própria sorte. Mas e você, neste momento o que dirige sua vida? Nesse exato momento você pode esta sendo dirigido por um problema, por uma necessidade física, por um sofrimento intenso, por lembranças dolorosas ou alegres, pela insegurança, pela incerteza, pelas duvidas, existem centenas de circunstancias, valores e emoções que podem dirigir a sua vida:

1 – Muitos são Dirigidos pela Culpa
Pessoas dirigidas pela culpa são manipuladas pelas lembranças. Passam a vida inteira com remorsos, ocultando sua vergonha, permitem que seu passado controle seu futuro e frequentemente culpam a si mesmas por sabotarem o próprio sucesso.
Quando Caim pecou, sua culpa o fez cair da presença de Deus e Deus lhe disse: ”Você será um fugitivo errante pelo mundo”(gn 4:14) isso descreve a maioria das pessoas hoje em dia, perambulando pela vida sempropósito algum.
Somos produtos do nosso passado, mas, não temos que viver prisioneiros dele. O propósito de Deus não restringido pelo seu passado, Ele tornou o assassino Moisés em grande líder, e uma covarde Gideão em um corajoso herói. Ele também pode fazer coisas maravilhosas com que sobrou da sua vida. Deus é especialista em dar ás pessoas um novo começo.
2 – Muitos são Dirigidos pelo rancor e Raiva;
Essas pessoas se apegam a mágoas, sem jamais supera-las, ao invés de aliviarem sua dor por meio do PERDÃO, revivem-na sua mente a todo o momento.
Algumas pessoas dirigidas pelo rancor se fecham e interiorizam sua raiva, enquanto outras explodem sobre os outros, ambas as reações são perniciosas e não trazem nenhum beneficio o rancor sempre machuca mais a você que a pessoa que trouxe tal indignação, enquanto aquele que ofendeu provavelmente esqueceu o insulto e seguiu sua vida, você continua angustiado em sua dor, perpetuando o passado.
Veja: os que magoaram você no passado não podem continuar a magoá-lo, a menos que você se agarre a dor através do rancor. O que passou, passou, nada poderá mudar. Com a amargura você apenas magoa a si mesmo e os que te amo e estão próximo a você
Para o seu bem aprenda com o passado e se e se afaste dele (passado), a Bíblia afirma que: “Porque a ira destrói o louco; e o zelo mata o tolo”.  Jó 5:2
3 – Muitos são dirigidos pelo Medo.
Nossos temores são provavelmente o resultado das experiências traumáticas e de expectativas ilusórias, do crescimento em um lar extremamente severo ou mesmo de predisposição genética.
Independentemente do que tinha causado tal situação, pessoas dirigidas pelo medo com frequência perdem grandes oportunidades por terem medo de correr riscos, em vez disso, elas se comportam de maneira cautelosa, evitando riscos e tentando manter a situação vigente.
O medo é a autoimposição de um cárcere, que o impedirá de se tornar o que Deus pretende que você sejaVocê tem de agir contra isso, com as armas da fé e do amor. “No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor, porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor.”
1 João 4:18.
4 – Muitos são Dirigidos pelo Materialismo.
Nosso desejo de adquirir se tornar o único objeto na nossa vida, o impulso de sempre querer mais se baseia no conceito errôneo de que ter mais nos trona mais felizes, mais importantes e mais protegidos. Mas, os três pensamentos são falsos.
Posses somente trazem felicidade temporária, uma vez que as coisas não se modificam, acabamos nos entediando e então passamos a desejar modelos mais novos, maiores e melhores; também é um mitoa concepção de que quanto mais possuir mais importantes serei. Auto-estima e patrimônio não são a mesma coisa, seu valor não é determinado pelo que você tem, e Deus deixa claro que as coisas mais valiosas não sãoas os bens sim você e a vida por vim.
O mito mais frequente a respeito do dinheiro o que diz: “quanto mais dinheiro se tem, mas protegido se está”. Riquezas podem ser perdidas num piscar de olhos, em virtude de vários fatos, a verdadeira proteção só pode ser achada naquilo que nunca poderão tomar de você: “A presença e direção de Deus”.
Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam;Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.Porque, onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração( MT 6:19-21)

5 – Muitos são Dirigidos pela necessidade de aprovação.
Eles permitem que as expectativas dos pais, esposas, filhos, professores, amigos, controlem a sua vida. Muitos adultos ainda tentam ganhar a aprovação de pais que nunca estão satisfeitos. Outros são dirigidos pela pressão social, sempre preocupados com o que os outros pensam se existe uma chave para o fracasso, essa chave é tentar agradar a todos.
Ser controlado pela opinião do outros e uma forma segura de deixar de lado os propósitos de Deus para a sua vida.
Existem muitas outras influencias que podem estar dirigindo nossas vidas, mas se todas forem diferentes do único propósito que podemos ter na vida que é Jesus, então estaremos numa situação delicada, pois sem Deus a vida não tem direção e nem proposito. Se o proposito não for fazer a vontade de Deus nossa existência é vã, não tem sentido viver.
Que o senhor trabalhe em nossas vidas durante para fazermos sua vontade e sermos dirigidos pelo seu Espirito Santo.
“O segredo do Senhor é para os que o temem; e ele lhes fará saber o seu concerto.” Salmos 25:14  

O príncipe dos pregadores

O príncipe dos pregadores

(1834-1892)

No período da Inquisição, na Espanha, sob o reinado do imperador Carlos V, um número elevadíssimo de crentes foram queimados em praça pública ou enterrados vivos. O filho de Carlos V, Filipe II, em 1567, levou a perseguição aos Países Baixos, declarando que ainda que lhe custasse mil vezes a sua própria vida,limparia todo o seu domínio do "protestantismo". Antes da sua morte gabava-se ter mandado ao carrasco, pelo menos, 18.000 "hereges".

Ao começar esse reinado de terror nos Países Baixos, muitos milhares de crentes fugiram para a Inglaterra. En­tre os que escaparam do "Concilio de Sangue", encontra­va-se a família Spurgeon.

Na Inglaterra, o povo de Deus, contudo, não estava li­vre de toda a perseguição "passando a maior parte do tem­po sentado, por se achar fraco demais para se deitar". Os bisavôs de Carlos eram crentes fervorosos, criando os filhos na admoestação do Senhor. Seu avô paterno, depois de quase cinqüenta anos de pastorado no mesmo lugar, podia dizer: "Não passei nem uma hora triste com a minha igreja depois que assumi o cargo de pastor!" O pai de Carlos, Tiago Spurgeon, era o amado pastor de Stambourne.

Carlos, quando ainda criança, interessava-se pela lei­tura de "O Peregrino", pela história dos mártires e por di­versas obras de teologia. É impossível calcular a influência dessas obras sobre a sua vida.

Que era precoce nas coisas espirituais, vê-se no seguin­te acontecimento: Apesar de criança de apenas cinco anos de idade, sentiu profundamente o cuidado do avô, por cau­sa do procedimento de um dos membros da igreja, chama­do "Velho Roads". Certo dia, Carlos, a criança, encontran­do Roads em companhia de outros fumando e bebendo cer­veja, dirigiu-se a ele, dizendo: "Que fazes aqui, Elias?" O "Velho Roads" arrependido, contou, então, ao seu pastor, como a princípio se irou com a criança, mas por fim ficou quebrantado. Desde aquele dia, o "Velho Roads" andou sempre perto do Salvador.

Quando Carlos era ainda pequeno, foi por Deus con­vencido do pecado. Durante alguns anos sentia-se uma criatura sem esperança e sem conforto; visitava um lugar de culto após outro, sem conseguir saber como podia li­vrar-se do pecado. Então, quando tinha quinze anos de idade, aumentou nele o desejo de ser salvo. E aumentou de tal forma, que passou seis meses agonizando em oração. Nesse tempo assistiu a um culto numa igreja; nesse dia, o pregador não fora ao culto, por causa duma grande tem­pestade de neve. Na falta do pastor, um sapateiro se levan­tou para pregar às poucas pessoas presentes, e leu este tex­to: "Olhai para mim e sede salvos, todos os confins da ter­ra" (Isaías 45.22). O sapateiro, inexperiente na arte de pre­gar, podia apenas repetir a passagem e dizer: "Olhai! Não vos é necessário levantar um pé, nem um dedo. Não vos é necessário estudar no colégio para saber olhar; nem contri­buir com mil libras. Olhai para mim, não para vós mes­mos. Não há conforto em vós. Olhai para mim, suando grandes gotas de sangue. Olhai para mim, pendurado na cruz. Olhai para mim, morto e sepultado. Olhai para mim, ressuscitado. Olhai para mim, à direita de Deus". Em se­guida, fitando os olhos em Carlos, disse: "Moço, tu pareces ser miserável. Serás infeliz na vida e na morte se não obedeceres". Então gritou ainda mais: "Moço, olha para Je­sus! Olha agora!" O rapaz olhou e continuou a olhar, até que por fim, um gozo indizível entrou na sua alma.

O recém-salvo, ao contemplar o constante zelo do Ma­ligno, foi tomado pela aspiração de fazer todo o possível para receber o poder divino, para frustrar a obra do inimigo do bem. Spurgeon aproveitava todas as oportunidades para distribuir folhetos. Entregava-se de todo o coração a ensinar na Escola Dominical, onde alcançou, de início, o amor dos alunos e, por intermédio desses a presença dos pais na escola. Com a idade de dezesseis anos começou a pregar. Acerca desse fato ele disse: "Quantas vezes me foi concedido o privilégio de pregar na cozinha duma casa de agricultor, ou num celeiro!"

Alguns meses depois de pregar seu primeiro sermão, foi chamado a pastorear a igreja em Waterbeach. Ao fim de dois anos, essa igreja de quarenta membros, passou a ter cem. O jovem pregador desejava educar-se e o diretor duma escola superior, que estava de visita à cidade, mar­cou uma hora para tratar com ele acerca desse assunto. A criada, porém, que recebeu Carlos, por descuido, não cha­mou o professor e este saiu sem saber que o moço o espera­va. Depois, Carlos, já na rua, um tanto triste, ouviu uma voz dizer-lhe: "Buscas grandes coisas para ti? Não as bus­ques!" Foi então , ali mesmo que abandonou a idéia de es­tudar nesse colégio, convencido de que Deus o dirigia para outras coisas. Não se deve concluir, contudo, que Carlos Spurgeon resolveu não se educar. Depois disso, ele apro­veitava todos os momentos livres para estudar. Diz-se que alcançou fama de ser um dos homens mais instruídos de seu tempo.

Spurgeon havia pregado em Waterbeach apenas du­rante dois anos quando foi chamado a pregar na Park Street Chapei, em Londres. O local era inconveniente para os cultos, e o templo, que tinha assentos para mil e duzen­tos ouvintes, era demasiado grande para os auditórios. Contudo, "havia ali um grupo de fiéis que nunca cessaram de rogar a Deus um glorioso avivamento". Este fato é as­sim registrado nas palavras do próprio Spurgeon: "No iní­cio, eu pregava somente a um punhado de ouvintes. Con­tudo, não me esqueço da insistência das suas orações. Às vezes parecia que rogavam até verem realmente presente o Anjo do Concerto (Cristo), querendo abençoá-los. Mais que uma vez nos admiramos com a solenidade das orações até alcançarmos quietude, enquanto o poder do Senhor nos sobrevinha... Assim desceu a bênção, a casa se encheu de ouvintes e foram salvas dezenas de almas!"

Sob o ministério desse moço de dezenove anos, a con­corrência aumentou em poucos meses a ponto de o prédio não mais comportar as multidões; centenas de ouvintes permaneciam na rua para aproveitar as migalhas que caíam do banquete que havia dentro da casa.

Foi resolvido reformar a New Park Street Chapei e, du­rante o tempo da obra, realizavam-se os cultos em Exeter Hall, prédio que tinha assentos para quatro mil e quinhen­tos ouvintes. Aí, em menos que dois meses, os auditórios eram tão grandes, que as ruas, durante os cultos, se torna­vam intransitáveis.

Quando voltaram para a Chapei, o problema, em vez de ser resolvido, era maior; três mil pessoas ocupavam o espaço preparado para mil e quinhentas! O dinheiro gasto, que alcançou uma elevada quantia, fora desperdiçado! Tornou-se necessário voltar para o Exeter Hall.

Mas nem o Exeter Hall comportava mais os auditórios e a igreja tomou uma atitude espetacular - alugou o Surrey Music Hall, o prédio mais amplo, imponente e magnífico de Londres, construído para diversões públicas.

As notícias, de que os cultos passaram do Exeter Hall para Surrey Music Hall, eletrificaram toda a cidade de Londres. O culto inaugural foi anunciado para a noite de 19 de outubro de 1856. Na tarde do dia marcado, milhares de pessoas para lá se dirigiram para achar assento. Quan­do, por fim, o culto começou, o prédio no qual cabiam 12.000 pessoas, estava superlotado e havia mais 10.000 fora que não puderam entrar.

No primeiro culto em Surrey Music Hall, notaram-se vestígios da perseguição que Spurgeon tinha de encarar.Ele estava orando, e depois da leitura das Escrituras, os inimigos da obra de Deus se levantaram, gritando: 'Togo! Fogo!" Apesar de todos os esforços de Spurgeon e de outros crentes, a grande massa de gente alvoroçou-se e movimen­tou-se em pânico, de tal modo que sete pessoas morreram e vinte e oito ficaram gravemente feridas. Depois que tudo serenou, acharam-se espalhados em toda a parte do pré­dio, roupas de homens e senhoras; chapéus, mangas de vestidos, sapatos, pernas de calças, mangas e paletós, xales, etc., objetos esses que os milhares de pessoas aflitas deixaram, na luta para escapar do prédio. Spurgeon com­portou-se com a maior calma durante todo o tempo da in­descritível catástrofe, mas depois passou dias prostrado, sofrendo em conseqüência do tremendo choque.

As notícias sobre as trágicas ocorrências durante o pri­meiro culto em Surrey Music Hall, em vez de prejudica­rem a obra, concorreram para aumentar o interesse pelos cultos. De um dia para outro Spurgeon, o herói do Sul de Londres, tornou-se um vulto de projeção mundial. Aceitou convites para pregar em cidades da Inglaterra, Escócia, Ir­landa, Gales, Holanda e França. Pregava ao ar livre e nos maiores edifícios, em média oito a doze vezes por semana.

Nesse tempo, quando ainda moço, revelou como conse­guia entender, nas Escrituras, os textos difíceis, isto é, simplesmente pedia a Deus: - "Ó Senhor, mostra-me o sentido deste trecho!" E acrescentou: "É maravilhoso como o texto, duro como a pederneira, emite faíscas quan­do batido com o aço da oração." Quando mais velho, disse: "Orar acerca das Escrituras, é como pisar uvas no lagar, trilhar trigo na eira, ou extrair ouro do minério."

Acerca da vida familiar, Susana, a esposa de Spurgeon, assim escreveu: "Fazíamos culto doméstico, quer hospeda­dos em um rancho nas serras, quer num suntuoso quarto de hotel na cidade. E a bendita presença de Cristo, que muitos crentes dizem impossível alcançar, era para ele a atmosfera natural; ele vivia e respirava nele (em Deus).

Antes de iniciar a construção do famoso templo em Londres, o Metropolitan Tabernacle, Spurgeon, com al­guns dos seus membros, se ajoelharam no terreno entre as pilhas de materiais e rogaram a Deus que não permitisse que trabalhador algum morresse ou ficasse ferido durante a execução das obras de construção. Deus respondeu mara­vilhosamente, não deixando acontecer qualquer acidente durante o tempo da construção do imponente edifício que media oitenta metros de comprimento, vinte e oito de lar­gura e vinte de altura.

A igreja começou a edificar o tabernáculo com o alvo de liquidar todas as dívidas de materiais e pagar toda a mão-de-obra antes de findar a construção. Como de costume, pediram a Deus que os ajudasse a realizar esse desejo, e tudo foi pago antes do dia da inauguração.

"O Metropolitan Tabernacle foi acabado em março de 1861. Durante os trinta e um anos que se seguiram, uma média de 5.000 pessoas se congregavam ali todos os domin­gos, pela manhã e à noite. De três em três meses Spurgeon pedia aos que haviam assistido neste período, que se au­sentassem. Eles assim faziam, porém, o tabernáculo era superlotado por outras pessoas das massas ainda não al­cançadas pela mensagem."

Durante certo período, pregou trezentas vezes em doze meses. O maior auditório, no qual pregou, foi no Crystal Palace, Londres, em 7 de outubro de 1857. O número exato de assistentes era de 23.654. Spurgeon esforçou-se tanto nessa ocasião, e o cansaço foi tal, que após o sermão da noi­te de quarta-feira, dormiu até a manhã de sexta-feira!

Todavia, não se deve julgar que era somente no púlpito que a sua alma ardia pela salvação dos perdidos. Também se ocupava grandemente no evangelismo individual. Nesse sentido citamos aqui o que certo crente disse a respeito de­le: "Tenho visto auditórios de 6.500 pessoas inteiramente levadas pelo fervor de Spurgeon. Mas ao lado de uma criança moribunda, que ele levara a Cristo, achei-a mais sublime do que quando dominava o interesse da multi­dão".

Parece impossível que tal pregador tivesse tempo para escrever. Entretanto os livros da sua autoria, constituem uma biblioteca de cento e trinta e cinco tomos. Até hoje não há obra mais rica de jóias espirituais do que a de Spur­geon, de sete volumes sobre os Salmos: "A Tesouraria de Davi". Ele publicou tão grande número de seus sermões,que, mesmo lendo um por dia, nem em dez anos o leitor os poderia ler todos. Muitos foram traduzidos em várias línguas e publicados nos jornais do mundo inteiro. Ele mesmo escrevia grande parte da matéria para seu jornal, "A Espada e a Colher", título este sugerido pela história da construção dos muros de Jerusalém no tempo angustioso de Neemias.

Além de pregar constantemente a grandes auditórios e de escrever tantos livros, esforçou-se em vários outros ra­mos de atividades. Inspirado pelo exemplo de Jorge Müller, fundou e dirigiu o orfanato de Stockwell. Pediam a Deus e recebiam o necessário para levantar prédio após prédio e alimentar centenas de crianças desamparadas.

Reconhecendo a necessidade de instruir os jovens cha­mados por Deus a proclamar o Evangelho, e, assim, alcan­çar muito maior número de perdidos, fundou e dirigiu o Colégio dos Pastores, com a mesma fé em Deus que mos­trou na obra de cuidar dos órfãos.

Impressionado pela vasta circulação de literatura vicio­sa, formou uma junta de vendagem de livros evangélicos. Dezenas de vendedores foram sustentados e milhares de discursos feitos, além de muitas toneladas de Escrituras e outros livros vendidos de casa em casa.

Acerca de tão estupendo êxito na vida de Spurgeon, convém notar o seguinte: Nenhum dos seus antepassados alcançou fama. Sua voz podia pregar às maiores multi­dões, mas outros pregadores sem fama gozavam também da mesma voz. O Príncipe dos Pregadores era, antes de tu­do, O Príncipe de Joelhos. Como Saulo de Tarso, entrou no Reino de Deus, também agonizando de joelhos. No caso de Spurgeon, essa angústia durou seis meses. Depois (assim aconteceu com Saulo) a oração fervorosa era um hábito na sua vida. Aqueles que assistiam aos cultos no grande Ta-bernáculo Metropolitano diziam que as orações eram a parte mais sublime dos cultos.

Quando alguém perguntava a Spurgeon a explicação do poder na sua pregação, O Príncipe de Joelhos apontava para a loja que ficava sob o salão do Metropolitan Taber­nacle e dizia: "Na sala que está embaixo, há trezentos crentes que sabem orar. Todas as vezes que prego eles se reúnem ali para sustentar-me as mãos, orando e suplican­do ininterruptamente. Na sala que está sob os nossos pés é que se encontra a explicação do mistério dessas bênçãos."

Spurgeon costumava dirigir-se aos alunos no Colégio dos Pastores desta forma: "Permanecei na presença de Deus!... Se o vosso fervor esfriar, não podereis orar bem no púlpito... pior com a família... e ainda pior nos estudos, so­zinhos. Se a alma se tornar magra, os ouvintes, sem sabe­rem como ou por quê, acharão que vossas orações públicas têm pouco sabor."

Ainda sobre a oração, sua esposa deu este testemunho: "Ele dava muita importância à meia-hora de oração que passava com Deus antes de começar o culto." Certo crente também escreveu a esse respeito: "Sente-se, durante a sua oração pública, que ele é um homem de bastante força para levar nas mãos ungidas as orações duma multidão. Isto é a idéia mais grandiosa, de sacerdote entre Deus e os homens".

Convicto do grande poder da oração, Spurgeon desig­nou o mês de fevereiro, de cada ano, no Grande Taberná­culo, para realizar a convenção anual e fazer súplicas por um avivamento na obra de Deus. Nessas ocasiões, passa­vam dias inteiros em jejum e oração, oração que se tornava mais e mais fervorosa. Não só sentiam a gloriosa presença do Espírito Santo nesses cultos, mas era-lhes aumentado o poder com frutos abundantes.

Na sua autobiografia, desde o começo do seu ministério em Londres, consta que pessoas gravemente enfermas fo­ram curadas em resposta às suas orações.

A vida de Spurgeon não era vida egoísta e de interesse próprio. Juntamente com sua esposa, fez os maiores sa­crifícios para colocar livros espirituais nas mãos de um grande número de pregadores pobres e ambos contribuíam constantemente para o sustento das viúvas e órfãos. Rece­biam grandes somas de dinheiro, mas davam tudo para o progresso da obra de Deus.

Não buscava fama nem a honra de fundador de outra denominação, como muitos amigos esperavam. A sua pre­gação nunca foi feita para sua própria glória, porém tinha como alvo a mensagem da Cruz, para levar os ouvintes a Deus. Considerava seus sermões como se fossem setas e dava todo o seu coração, empregava toda a sua força espi­ritual em produzir cada um. Pregava confiando no poder do Espírito Santo, empregando o que Deus lhe concedera para "matar" o maior número de ouvintes.

"Carlos Hadon Spurgeon recebia o fogo do Céu, estu­dando a Bíblia, horas a fio, em comunhão com Deus."

Cristo era o segredo do seu poder. Cristo era o centro de tudo, para ele; sempre e unicamente Cristo.

J. P. Fruit disse: "Quando Spurgeon orava, parecia que Jesus estava em pé ao seu lado."

As suas últimas palavras, no leito de morte, dirigidas à sua esposa, foram: "Oh! querida, tenho desfrutado um tempo mui glorioso com meu Senhor!" Ela, ao ver, por fim, que seu marido passaria para o outro lado, caiu de joe­lhos e com lágrimas exclamou. "Oh! bendito Senhor Jesus, eu te agradeço o tesouro que me emprestaste no decurso destes anos; agora Senhor, dá-me força e direção durante todo o futuro."

Seis mil pessoas assistiram ao culto de funeral. No cai­xão estava uma Bíblia aberta, mostrando este texto usado por Deus para convertê-lo: "Olhai para mim, e sede salvos, todos os confins da terra."

O cortejo fúnebre passou entre centenas de milhares de pessoas postadas em pé nas calçadas; os homens des­cobriam-se à passagem do cortejo e as mulheres choravam.

O túmulo simples do célebre Príncipe dos Pregadores, no cemitério de Norwood, testifica da verdadeira grandeza da sua vida. Ali estão gravadas estas humildes palavras:


Aqui jaz o corpo de
CARLOS HADON SPURGEON
esperando o aparecimento do seu
Senhor e Salvador
JESUS CRISTO

(extraido do livro hérois da fé) Curta nossa página no facebook >> Santificados em Deus

João Wesley Tocha tirada do fogo (1703-1791)

João Wesley Tocha tirada do fogo (1703-1791)

O céu, à meia-noite, era iluminado pelo reflexo sombrio das chamas que devoravam vorazmente a casa do pastor Samuel Wesley. Na rua, ouviam-se os gritos: "Fogo! Fo­go!" Contudo, a família do pastor continuava a dormir tranqüilamente, até que os escombros ardentes caíram sobre a cama de uma filha, Hetty. A menina acordou sobressaltada e correu para o quarto do pai. Sem poder sal­var coisa alguma das chamas, a família foi obrigada a sair casa a fora, vestindo apenas as roupas de dormir, numa temperatura gélida.
A ama, ao ser despertada pelo alarme, arrebatou a criança menor, Carlos, do berço. Chamou os outros meni­nos, insistindo que a seguissem, desceu a escada; porém, João, que então contava cinco anos e meio, ficou dormin­do.
Três vezes a mãe, Susana Wesley, que se achava doen­te, tentou, debalde, subir a escada. Duas vezes o pai ten­tou, em vão, passar pelo meio das chamas, correndo. Sentindo o perigo, ajuntou a família no jardim, onde todos caí­ram de joelhos e suplicaram a favor da criança presa pelo fogo.
Enquanto a família orava, João acordou e, depois de tentar descer pela escada, subiu numa mala que estava em frente a uma janela, onde um vizinho o viu em pé. O vizi­nho chamou outras pessoas e conceberam o plano de um deles subir nos ombros de um primeiro enquanto um ter­ceiro subia nos ombros do segundo, e alcançaram a crian­ça. Dessa maneira, João foi salvo da casa em chamas, ape­nas instantes antes de o teto cair com grande fragor.
O menino foi levado, pelos intrépidos homens que o sal­varam, para os braços do pai. "Cheguem, amigos!", cla­mou Samuel Wesley, ao receber o filhinho, "ajoelhemo-nos e agradecemos a Deus! Ele me restituiu todos os meus fi­lhos; deixem a casa arder; os meus recursos são suficien­tes." Quinze minutos depois, casa, livros, documentos e mobiliários, não existiam mais.
Anos depois, em certa publicação, apareceu o retrato de João Wesley e embaixo a representação de uma casa ar­dendo, com as palavras: "Não é este um tição tirado do fo­go?" (Zacarias 3.2).
Encontra-se nos escritos de Wesley, a seguinte referên­cia interessante, desse histórico sinistro: "Em 9 de feverei­ro de 1750, durante um culto de vigília, cerca das onze ho­ras da noite, lembrei-me de que era esse o dia e a hora, ha­via quarenta anos, em que me tiraram das chamas. Apro­veitei-me do ensejo para relatar a maravilhosa providên­cia. Os louvores e as ações de graças subiram às alturas e grande foi o regozijo perante o Senhor". Tanto o povo, como João Wesley, já sabiam naquele tempo porque o Se­nhor o poupara do incêndio.
O historiador Lecky, nomeia o Grande Avivamento como sendo a influência que salvou a Inglaterra de uma re­volução, igual à que, na mesma época, deixou a França em ruínas. Dos quatro vultos que se destacaram no Grande Avivamento, João Wesley era o maior. Jônatas Edwards, que nasceu no mesmo ano de Wesley, faleceu trinta e três anos antes dele; Jorge Whitefield, nascido onze anos de­pois de Wesley, faleceu vinte anos antes dele; e Carlos Wesley continuou o seu itinerário efetivo somente dezoito anos, enquanto João continuou durante meio século.
Mas a biografia deste célebre pregador, para ser com­pleta, deve incluir a história de sua mãe, Susana. De fato, é como certo biógrafo escreveu: "Não se pode traçar a his­tória do Grande Avivamento do século passado (1700), na Inglaterra, sem dar uma grande parte da herança merecida à mãe de João e Carlos Wesley; isso não somente por causa da instrução que inculcou profundamente aos filhos, mas por causa da direção que deu ao avivamento."
A mãe de Susana era filha de um pregador. Esforçada na obra de Deus, casou-se com o eminente ministro, Sa­muel Annesley. Dos vinte e cinco filhos deste enlace, Susa­na era a vigésima quarta. Durante a vida, seguiu o exem­plo da sua mãe, passando uma hora de madrugada e outra à noite, orando e meditando sobre as Escrituras. Pelo que ela escreveu certo dia, vê-se como se dedicava à oração: "Que Deus seja louvado por todos os dias em que nos com­portamos bem. Mas estou ainda descontente, porque não desfruto muito de Deus; sei que me conservo demasiada­mente longe dele; anseio ter a alma mais intimamente li­gada a Ele pela fé e amor".
João era o décimo-quinto filho dos dezenove filhos de Samuel e Susana Wesley. O que vamos transcrever, escrito pela mãe de João, mostra como ela era fiel em "ordenar a seus filhos e a sua casa depois" dela (Gênesis 18.19): "Para formar a mente da criança, a primeira coisa é vencer-lhe a vontade. A obra de instruir o intelecto leva tempo e deve ser gradual, conforme a capacidade da criança. Mas o sub­jugar-lhe a vontade deve ser feito de uma vez, e quanto mais cedo tanto melhor... Depois, pode-se governar a criança pela razão e piedade dos pais, até chegar o tempo de a criança poder, também exercer o raciocínio."
Acerca de Samuel e Susana Wesley e seus filhos, o cé­lebre comentador da Bíblia, Adão Clark, escreveu: "nunca li nem ouvi falar duma família; não conheço e nem existe outra, desde os dias de Abraão e Sara, de José e Maria de Nazaré, à qual a raça humana deve tanto."
Susana Wesley acreditava que "aquele que poupa a va­ra, aborrece a seu filho" (Provérbios 13.24), e não consentia que seus filhos chorassem em voz alta. Assim, apesar de a casa estar repleta de crianças, nunca havia tempos tristonhos nem balbúrdia no lar do pastor. Um filho jamais ganhou coisa alguma chorando, na casa de Susana Wesley.
Susana marcava o quinto aniversário de cada filho como o dia em que deviam aprender o alfabeto; e todos, a não ser dois, cumpriram a tarefa no tempo marcado. No dia seguinte, a criança que completava cinco anos e apren­dia o alfabeto, começava o estudo da leitura, iniciando-o com o primeiro versículo da Bíblia.
"Os meninos no lar de Samuel Wesley aprenderam o valor que há em observar fielmente os cultos. Não há em outras histórias fatos tão profundos e atraentes como o que consta acerca dos filhos de Samuel e Susana Wesley, pois antes de saberem ajoelhar-se ou falar, eram instruídos a dar graças pelo alimento, por meio de acenos apropriados. Logo que aprendiam a falar, repetiam a Oração Dominical de manhã e à noite; e eram ensinados, também, a acres­centar outros pedidos, conforme o seu desejo... Ao chega­rem à idade própria, um dia da semana era designado a cada filho, para conversar sobre as 'dúvidas e dificulda­des'. Na lista aparecem os nomes de João, para quarta-feira, e o de Carlos, para o sábado. E para os filhos, o dia de cada um tornou-se precioso e memorável... É comovente ler o que João Wesley, vinte anos depois de sair da casa pa­terna disse à sua mãe: "Em muitas coisas a senhora tem intercedido por mim e tem prevalecido. Quem sabe se ago­ra também, na intercessão para que eu renuncie inteira­mente o mundo, terá bom êxito?... Sem dúvida será tão eficaz para corrigir o meu coração, como era então para formar o meu caráter."
Depois do espetacular salvamento de João do incêndio, sua mãe, profundamente convencida de que Deus tinha grandes planos para seu filho, resolveu firmemente criá-lo para servir e ser útil na obra de Cristo. Susana escreveu es­tas palavras nas suas meditações particulares: "Senhor, esforçar-me-ei mais definitivamente em prol desta crian­ça, a qual salvaste tão misericordiosamente. Procurarei transmitir-lhe fielmente ao coração os princípios da tua re­ligião e virtude. Senhor, dá-me a graça necessária para fazer isso sincera e sabiamente, e abençoa os meus esforços com grande êxito!"
Ela era tão fiel, em cumprir sua resolução, que João foi admitido a participar da Ceia do Senhor, com a idade de oito anos.
Nunca se omitia o culto doméstico do programa do dia, no lar de Samuel Wesley. Fosse qual fosse a ocupação dos membros da família, ou dos criados, todos se reuniam para adorar a Deus. Na ausência do marido, Susana, com o co­ração aceso pelo fogo dos céus, dirigia os cultos. Conta-se que, certa vez, quando ele prolongou a ausência mais do que de costume, trinta e quarenta pessoas assistiram aos cultos no lar dos Wesley e a fome pela Palavra de Deus au­mentou, a ponto de a casa ficar repleta das pessoas da vizi­nhança que assistiam aos cultos.
A família do pastor Samuel Wesley vivia rodeada de pobreza, mas pela influência do Duque de Buckinghan, conseguiram um lugar para João na Charterhouse, em Londres. Assim, o menino, antes de completar onze anos, deixou a atmosfera fragrante de oração ardente, para en­frentar as porfias de uma escola pública. Contudo, não ce­deu ao ambiente de pecado de que estava rodeado. Conser­vava, também, as suas forças físicas, obedecendo fielmen­te o conselho de seu pai, que corresse três vezes, de madru­gada, em redor do grande jardim da Charterhouse. Tomou como regra da sua vida, dali em diante, manter o vigor do corpo. Aos 80 anos, apesar de seu físico franzino, conside­rava coisa insignificante andar de pé uma légua e meia, para pregar.
Conta-se um exemplo da influência que João exercia sobre seus colegas de Charterhouse. Certo dia o porteiro sentiu falta dos meninos no terraço de recreio e foi achá-los em uma das salas, congregados em redor de João. Este contava-lhes histórias instrutivas, as quais atraíam mais do que o recreio.
Acerca deste tempo, João Wesley escreveu: "Eu parti­cipava de várias coisas que reconhecia como sendo pecado, embora não fossem escandalosas aos olhos do mundo. Con­tudo, continuei a ler as Escrituras e a orar de manhã e à noite. Baseava a minha salvação sobre os seguintes pontos:1) Não me considerava tão perverso como o próximo. 2) Conservava a inclinação de ser religioso. 3) Lia a Bíblia, assistia aos cultos e fazia oração".
Depois de estudar seis anos na Charterhouse, Wesley cursou em Oxford, tornando-se proficiente no latim, grego, hebraico e francês. Mas seu interesse principal não era o intelecto. Sobre esse assunto ele escreveu: "Comecei a re­conhecer que a religião verdadeira tem a sua fonte no cora­ção... reservei duas horas, todos os dias, para ficar sozinho com Deus. Participava da Ceia do Senhor de oito em oito dias. Guardei-me de todo o pecado, quer de palavras, quer de atos. Assim, na base das boas obras que praticava, eu me considerava um bom crente".
João se esforçava para levantar-se todos os dias às qua­tro horas. Por meio de anotações que escrevia diariamente de tudo que fazia durante o dia, conseguia dar conta de seu tempo para não desperdiçar um momento. Continuou a observar esse costume até quase o último dia da sua vida.
Certo dia, quando ainda jovem, assistiu a um enterro em companhia de um moço, e conseguiu levá-lo a Cristo, ganhando, assim, a primeira alma para seu Salvador. Al­guns meses depois, com a idade de 24 anos, e depois de um período de oração, foi separado para o diaconato.
Enquanto estudava em Oxford, ajuntava-se ali um pe­queno grupo dos estudantes para orar, estudar as Escritu­ras juntos diariamente, jejuar às quartas e sextas-feiras, visitar os doentes e encarcerados e confortar os criminosos na hora da execução. Todas as manhãs e todas as noites cada um passava uma hora orando sozinho em oculto. Nas orações paravam de vez em quando para observarem se oravam com o devido fervor. Sempre oravam ao entrar e ao sair dos cultos na igreja. Três dos membros desse grupo, mais tarde tornaram-se famosos entre os crentes: 1) João Wesley, que talvez tenha feito mais que qualquer outro para aprofundar a vida espiritual, não somente de então, mas também de nosso tempo; 2) Carlos Wesley, que che­gou a ser um dos mais espirituais e famosos escritores de hinos evangélicos; e 3) Jorge Whitefield, que se tornou o comovente pregador ao ar livre.
Naquele tempo, sentia-se a influência de João Wesleyem muitas partes das Américas, e hoje ainda é sentida. Contudo, passou menos que dois anos neste continente, e isto durante o período da sua vida, quando se achava per­turbado por causa de dúvidas. Aceitou a chamada para pregar o Evangelho aos silvícolas na colônia de Geórgia, desejoso de ganhar sua salvação por meio de boas obras. Pensou que vaidade e ostentação mundana não se encon­trariam nas matas da América.
Como era característico em sua vida, a bordo do navio em viagem à América do Norte, observava, com outros de seu grupo, um programa para não desperdiçar um momen­to durante o dia; levantava-se às quatro horas e deitava-se depois das vinte e uma. As primeiras três horas do dia eram dedicadas à oração e estudo das Escrituras. Depois de cumprir tudo que estava indicado no programa do dia, o cansaço era tanto que, não obstante o bramido do mar e o balanço do navio, dormiam sem perturbação, deitados sobre um cobertor estendido no convés.
Na Geórgia, a população inteira afluía à igreja para ou­vir a sua pregação. A influência de seus sermões foi tal que, depois de dez dias, uma sala de baile ficou quase inteira­mente abandonada, enquanto a igreja se enchia de pessoas que oravam e eram salvas.
Whitefield, que desembarcou na Geórgia alguns meses depois de Wesley voltar à Inglaterra, assim descreveu o que viu: "O êxito de João Wesley na América é indizível. Seu nome é precioso entre o povo, onde lançou os alicerces que nem os homens nem os demônios podem abalar. Oh! que eu possa segui-lo como ele seguiu a Cristo!" Contudo, a Wesley faltava uma coisa muito importante, conforme se vê pelos acontecimentos que o levaram a sair da Geórgia, como ele mesmo escreveu:
"Faz dois anos e quase quatro meses que deixei a mi­nha terra natal para pregar Cristo aos índios da Geórgia; entretanto, o que cheguei eu â saber? Ora, vim a saber o que eu menos esperava: fui à América para converter ou­tros, mas nunca fora realmente convertido a Deus."
Depois de voltar à Inglaterra, João Wesley começou a servir a Deus com a fé de um filho e não mais com a fé dum simples servo. Acerca desse assunto, eis o que ele escreveu:"Não reconhecia que esta fé era dada instantaneamente, que o homem podia sair das trevas para a luz imediata­mente, do pecado e da miséria para a justiça e gozo do Espírito Santo. Examinei de novo as Escrituras sobre este ponto, especialmente Atos dos Apóstolos. Fiquei grande­mente surpreendido ao ver quase que somente conversões instantâneas; quase nenhuma tão demorada como a de Saulo de Tarso". Desde então começou a sentir mais e mais fome e sede de justiça, a justiça de Deus pela fé.
Fracassara na sua primeira tentativa de pregar o Evan­gelho na América, porque, apesar de seu zelo e bondade de caráter, o cristianismo que possuía era uma coisa que rece­bera por instrução. Mas a segunda etapa de seu ministério destacou-se por um êxito fenomenal. E porque o fogo de Deus ardia na sua alma, chegara a ter contato direto com Deus por uma experiência pessoal.
Relatamos aqui, com suas próprias palavras, a sua ex­periência na qual o Espírito testificou ao seu espírito que era filho de Deus. Essa experiência transformou completa­mente a sua vida.
"Eram quase cinco horas, hoje, quando abri o Novo Testamento e encontrei estas palavras: 'Ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas para que por elas fi­queis participantes da natureza divina" (2 Pedro 1.4). An­tes de sair, abri mais uma vez o Novo Testamento para ler estas outras palavras: 'Não estás longe do reino de Deus...' (Marcos 12.34). À noite, senti-me impelido a assistir em Aldersgate... Senti o coração abrasado; confiei em Cristo, somente em Cristo, para a salvação: foi-me dada a certeza de que Ele levara os meus pecados e de que me salvara da lei do pecado e da morte. Comecei a orar com todas as mi­nhas forças... e testifiquei a todos os presentes do que sen­tia no coração."
Depois dessa experiência em Aldersgate, Wesley aspi­rava a bênçãos ainda maiores do Senhor, conforme ele mesmo escreveu: "Eu suplicava a Deus que cumprisse to­das as suas promessas na minha alma. O Senhor honrou este anelo, em parte, não muito depois, enquanto eu orava com Carlos, Whitefield e cerca de sessenta outros crentes em Fetter Lane". São de João Wesley também estas palavras: "Cerca das três horas da madrugada, enquanto perseverávamos em oração (Romanos 12.12), o poder de Deus nos sobreveio de tal maneira, que bradamos impulsiona­dos de grande gozo e muitos caíram ao chão. A seguir, ao passar um pouco o temor e a surpresa que sentimos na pre­sença da majestade divina, rompemos em uma só voz: 'Louvamos-te, ó Deus, aceitamos-te como Senhor'".
Essa unção do Espírito Santo dilatou grandemente os horizontes espirituais de Wesley; o seu ministério tornou-se excepcionalmente frutuoso e ele trabalhou ininterrupta­mente durante 53 anos, com o coração abrasado pelo amor divino.
Um pastor prega, em média, cem vezes por ano, mas João Wesley pregou cerca de 780 Vezes por ano, durante 54 anos. Esse homenzinho, com a altura de apenas um metro e sessenta e seis centímetros e pesando menos de sessenta quilos, dirigia-se a grandes multidões e sob as maiores pro­vações. Quando as igrejas lhe fecharam as portas, levan­tou-se para pregar ao ar livre.
Apesar de enfrentar a apatia espiritual quase geral nos crentes, a par de uma onda de devassidão e crimes no país inteiro, multidões de 5 mil a 20 mil afluíam para ouvir seus sermões. Tornou-se comum, nesses cultos, os pecadores acharem-se tão angustiados, que gritavam e gemiam. Se célebres materialistas, tais como Voltaire e Tomaz Paine, gritaram de convicção ao se encontrarem com Deus no lei­to de morte, não é de admirar que centenas de pecadores gemessem, gritassem e caíssem ao chão, como mortos, quando o Espírito Santo os levava a sentir a presença de Deus. Multidões de perdidos, assim, tornavam-se novas criaturas em Cristo Jesus, nos cultos de João Wesley. Mui­tas vezes os ouvintes eram levados às alturas de amor, gozo e admiração; recebiam também visões da perfeição divina e das excelências de Cristo, até ficarem algumas horas como mortos. (Ver Apocalipse 1.17.)
Como todos que invadem o território de Satanás, os ir­mãos Carlos e João Wesley, tinham de sofrer terríveis per­seguições. Em Moorfield os inimigos do Evangelho acaba­ram com o culto, destruindo a mesa em que João subira para pregar e o insultaram e maltrataram. Em Sheffield, a casa foi demolida sobre a cabeça dos crentes. Em Wednesbury, destruíram as casas, roupas e móveis dos crentes, deixando-os desabrigados, expostos à neve e ao temporal. Diversas vezes João Wesley foi apedrejado e arrastado como morto, na rua. Certa vez foi espancado na boca, no rosto e na cabeça até ficar coberto de sangue.
Mas a perseguição da parte da igreja decadente era a sua maior cruz. Foram denunciados como "falsos profe­tas", "paroleiros", "impostores arrogantes", "homens des­tros na astúcia espiritual", "fanáticos", etc. Ao voltar para visitar Epworth, onde nascera e se criara, João assistiu, no domingo, ao culto da manhã e ao culto da tarde, na igreja onde seu pai fora fiel pastor durante muitos anos, mas não lhe foi concedida a oportunidade de falar ao povo. Às de­zoito horas, João, em pé, sobre o monumento, que marcava o lugar em que enterraram seu pai, ao lado da igreja, pre­gou ao maior auditório jamais visto em Epworth - e Deus salvou muitas almas.
- Qual a causa de tão grande oposição? Entre os crentes da igreja dormente , alegava-se que eram as suas pregações sobre a justificação pela fé, e a santificação. Os descrentes não gostavam dele porque "levou o povo a se levantar para cantar hinos às cinco da madrugada."
João Wesley não somente pregava mais que os outros pregadores, mas os excedia como pastor, exortando e con­fortando os crentes, e visitando de casa em casa.
Nas suas viagens, andava tanto a cavalo, como a pé, ora em dias ensolarados, ora sob chuvas, ora em temporais de neve. Durante os 54 anos do seu ministério, andou, em média, mais de 7 mil quilômetros por ano, para alcançar os pontos de pregação.
Esse homenzinho que andava 7 mil quilômetros por ano, ainda tinha tempo para a vida literária. Leu não me­nos de 1.200 tomos, a maior parte enquanto andava a cava­lo. Escreveu uma gramática hebraica, outra de latim, e ainda outras de francês e inglês. Serviu durante muitos anos como redator dum jornal de 56 páginas. O dicionário completo que compilou da língua inglesa era muito popu­lar, e seu comentário sobre o Novo Testamento ainda tem grande circulação. Revisou e republicou uma biblioteca de cinqüenta volumes, reduzindo-a para trinta volumes. O li­vro que escreveu sobre a filosofia natural teve grande acei­tação entre o ministério. Compilou uma obra de quatro vo­lumes sobre a história da Igreja. Escreveu e publicou um livro sobre a história de Roma e outro sobre a da Inglater­ra. Preparou e publicou três volumes sobre medicina e seis sobre música para os cultos. Depois da sua experiência em Fetter Lane, ele e seu irmão Carlos, escreveram e publica­ram 54 hinários. Diz-se que ao todo escreveu mais que 230 livros.
Esse homem de físico franzino, ao completar 88 anos, escreveu: "Durante mais de 86 anos não experimentei qualquer debilidade de velhice; os olhos nunca escurece­ram, nem perdi o meu vigor". Com a idade de 70 anos, pre­gou a um auditório de 30 mil pessoas, ao ar livre, e foi ouvi­do por todos. Aos 86 anos fez uma viagem à Irlanda, na qual, além de pregar seis vezes ao ar livre, pregou cem ve­zes em sessenta cidades. Certo ouvinte assim se referiu a Wesley: "Seu espírito era tão vivo como aos 53 anos, quan­do o encontrei pela primeira vez".
Atribuiu a sua saúde às seguintes regras: 1) Ao exercí­cio constante e ar fresco. 2) Ao fato de nunca, mesmo doen­te ou com saúde, em terra ou no mar, haver perdido uma noite de sono desde o seu nascimento. 3) À habilidade de dormir, de dia ou de noite, ao sentir-se cansado. 4) Ao fato de observar a regra por mais que sessenta anos de se levan­tar às 4 horas da manhã. 5) Ao costume de sempre orar às 5 da manhã, durante mais que cinqüenta anos. 6) Ao fato de quase nunca sofrer de dor, desânimo ou cuidado durante a vida inteira.
Não nos devemos esquecer da fonte desse vigor que João Wesley manifestava. Passava duas horas diariamente em oração, e muitas vezes mais. Iniciava o dia às quatro horas. Certo crente que o conhecia intimamente, assim es­creveu acerca dele: "Considerava a oração a coisa mais im­portante da sua vida e eu o tenho visto sair do quarto com a serenidade de alma visível no rosto até quase brilhar".
A qualquer história da vida de João Wesley faltará o ponto principal, se não se fizer menção dos cultos de vigília que se realizavam uma vez por mês entre os crentes. Esses cultos se iniciavam às 20 horas e continuavam até depois da meia-noite - ou até cair o Espírito Santo sobre eles. Ba­seavam tais cultos sobre as referências no Novo Testamen­to, de noites inteiras passadas em oração. Foi assim que al­guém se referiu ao sucesso: "Explica-se o poder de Wesley pelo fato de ele ser 'homo unius libri', isto é, um homem de um livro, e esse Livro é a Bíblia".
Pouco antes da sua morte, escreveu: "Hoje passamos o dia em jejum e oração para que Deus alargasse a sua obra. Só encerramos depois de uma noite de vigília, na qual o co­ração de muitos irmãos foi grandemente confortado".
No seu diário, João Wesley escreveu, entre outras coi­sas, sobre oração e jejum, o seguinte: "Enquanto cursava em Oxford... jejuávamos às quartas e às sextas-feiras, como faziam os crentes primitivos em todos os lugares. Es­creveu Epifânio (310-403): 'Quem não sabe que o jejum das quartas e das sextas-feiras é observado pelos crentes do mundo inteiro?"' Wesley continuou: "Não sei porque eles guardavam esses dois dias, mas é boa a regra; se lhes ser­via, também me serve. Contudo, não quero dar a entender que o único tempo de jejuar seja esses dois dias da semana, porque muitas vezes é necessário jejuar mais do que dois dias. É necessário permanecer sozinho e na presença de Deus, enquanto jejuamos e oramos, para que Deus possa mostrar-nos a sua vontade e dar-nos direção. Nos dias de jejum devemos afastar-nos, o mais possível, de todo servi­ço, de fazer visitas e das diversões, apesar dessas coisas se­rem lícitas em outras ocasiões".
Seu gozo em pregar ao ar livre não diminuiu na velhice: Em 7 de outubro de 1790, pregou pela última vez fora de casa, sobre o texto: "O reino de Deus está próximo, arrependei-vos, e crede no Evangelho". "A palavra manifes­tou-se com grande poder e as lágrimas do povo corriam em torrentes".
Um por um, seus fiéis companheiros de luta, inclusive sua esposa, foram chamados para o descanso, mas João Wesley continuava a trabalhar. Com a idade de 85 anos, seu irmão, Carlos, foi chamado pelo Senhor e João sentou-se perante a multidão, cobrindo o rosto com as mãos, para esconder as lágrimas que lhe corriam pelas faces. Seu ir-mão a quem amava tanto durante tão longo tempo, partira e ele, agora, tinha de trabalhar sozinho.
Em 2 de março de 1791, com a idade de quase 88 anos, completou a sua carreira terrestre. Durante toda a noite anterior, não cessaram em seus lábios o louvor e a adora­ção, pronunciando estas palavras: "As nuvens distilam a gordura". Sua alma saltou de alegria com a antecipação das glórias do lar eterno e exclamou: "O melhor de tudo é que Deus está conosco". Então, levantando a mão, como se fosse o sinal da vitória, novamente repetiu: "O melhor de tudo é que Deus está conosco". Às 10 horas da manhã, en­quanto os crentes rodeavam o leito, em oração, ele disse: "Adeus!", e assim passou para a presença do Senhor.
Um crente que assistiu à sua morte, assim relatou o ato: "A presença divina pairava sobre todos nós; não exis­tem palavras para descrever o que vimos no seu semblan­te! Quanto mais o fitávamos, tanto mais víamos parte dos indizíveis céus".
Calcula-se que dez mil pessoas em desfile passaram diante do ataúde para ver o rosto que ainda retinha um sorriso celestial. Por causa das grandes massas que afluí­ram para honrá-lo, foi necessário enterrá-lo às cinco horas da manhã.
João Wesley nasceu e criou-se em um lar onde não ha­via abundância de pão. Com a venda dos livros da sua au­toria ganhou uma fortuna, com a qual contribuía para a causa de Cristo; ao falecer, deixou no mundo "duas colheres, uma chaleira de prata, um casaco velho" e dezenas de milhares de almas, salvas em épocas de grande decadência espiritual.
A tocha em Epworth foi arrebatada do fogo, em Aldersgate e Fetter Lane começou a arder intensamente, e conti­nua a iluminar milhões de almas no mundo inteiro.
(estraido do livro hérois da fé)